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Textos e Publicações Acadêmicas
Luto e enfrentamento em portadores de esclerose múltipla: Diálogo com a teoria de Kübler-Ross
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica e progressiva, que causa perdas motoras, sensoriais e psicológicas. Objetivo: Compreender o processo de luto e enfrentamento de pessoas com esclerose múltipla, em diferentes períodos do diagnóstico, sob enfoque das proposições teóricas de Kübler-Ross sobre o processo de luto. Método: Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e foi feita a aplicação das pranchas um e 11 do Teste de Apercepção Temática a três mulheres, uma delas estava em investigação diagnóstica para EM, uma tinha diagnóstico de EM há um ano e a terceira havia sido diagnosticada com EM há cinco anos. Utilizou-se análise de conteúdo temática para organização dos dados e a teoria do luto de Kübler-Ross para analisá-los. Resultados: Diferenças na forma como cada participante lidava com a EM puderam ser observadas. As participantes com diferentes períodos de diag-nóstico/investigação vivenciavam fases distintas do processo de luto e utilizavam diferentes tipos de estratégias de enfrentamento. Conclusões: O adoecimento conduz ao luto, que pode ser uma forma para realizar o enfrentamento e ressignificar a vida na nova condição.
Praça Roosevelt: uma análise dos conflitos da vizinhança a partir da Psicanálise
O medo da violência nas grandes cidades tem efeito importante na organização do espaço urbano e nas políticas de gestão. Os discursos e estratégias de segregação como tentativa de garantir segurança são constantemente reatualizados, produzindo como efeito também a criminalização de sujeitos que são identificados como diferentes e estranhos por aqueles que se consideram legítimos aos seus territórios. Deve-se considerar que as marcações que separam quem deve ser protegido de quem precisa ser vigiado parecem estar calcadas em um processo histórico de dominação, segregação e exploração, resultado de nosso processo de colonização, que não cessa de se repetir. Considerando a complexidade dos elementos conexos à (e na) cidade, este trabalho tem por finalidade compreender as relações entre sujeitos e territorialidade a partir de discursos, disputas e conflitos que permeiam o espaço público, tendo sido eleito como objeto de estudo o território da Praça Roosevelt, localizada no centro da cidade de São Paulo. Como método de investigação, optou-se pela etnografia na tentativa de conhecer e compreender a praça, os modos de relação possíveis a partir dela e os conflitos de vizinhança que surgem em função de suas formas de ocupação. Foram realizadas visitas de observação à Praça Roosevelt, registros em vídeos e fotos e em diário de campo das experiências no território, além da participação, durante o ano de 2019 e início de 2020, nas reuniões do Conselho Comunitário deSegurança (CONSEG), uma entidade de apoio à Polícia Estadual no trato das relações comunitárias, responsável pela região em que a praça está inserida,. Para situar a investigação na história da praça, optou-se por levantamento de documentos oficiais, tais como os registros em atividades da Câmara Municipal e recortes de jornal arquivados na Biblioteca da Câmara. Também foram realizadas entrevistas com moradores, frequentadores, artistas e comerciantes locais. Os discursos sobre a Praça Roosevelt são muito diversos e estão entrelaçados à posição e às identidades com as quais os informantes se apresentam em sua relação com a praça. A pluralidade característica do local torna-se um problema que, muitas vezes, as forças de segurança pública são convocadas a resolver. Foi possível ainda identificar que, independentemente da posição que o sujeito ocupa, os problemas de convivência são localizados em um Outro, seja este um forasteiro ao território ou vizinho autoritário. Este fenômeno observado foi então analisado a partir das proposições psicanalíticas freudianas que tratam de fenômenos sociais e de grupos a partir, dentre outras, da noção de narcisismo, considerando ainda o entrelaçamento entre essa vertente teórica e perspectivas sociohistóricas latino-americanas que consideram as formações sociais brasileiras fundadas a partir de uma lógica de exploração escravocrata e racista.
Psicanálise na Praça Roosevelt: Lugar de Desejo e Resistência
A história do processo de urbanização moderno está estreitamente vinculada ao processo de industrialização. As cidades são formadas e formatadas pelas demandas econômicas e políticas[1] que conduzem a organização dos espaços e das relações que neles ocorrem. Citando Michel Foucault (1926-1984),[2] “torna-se uma questão de usar a disposição do espaço para fins econômico-políticos”, servindo às manifestações do poder: a divindade, a força e os objetivos econômico-políticos. A cidade é estruturada de forma a organizar e conduzir as relações sociais.
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